Na última sexta-feira, 20, Ariana Grande se apresentou pela primeira vez na arena “Madison Square Garden“, em Nova Iorque, com a “The Honeymoon Tour“. No dia seguinte, 21, o influente jornal americano “The New York Times” publicou em seu site uma matéria sobre o show e elogios ao espetáculo e à Ariana não foram poupados. Confira logo abaixo o texto traduzido e adaptado por nossa equipe:

A primeira vez que Ariana Grande chorou sexta à noite no Madison Square Garden foi um pouco antes da metade de seu show.

Foi só depois que ela cantou “The Way”, seu animado single de estreia de 2013 e a canção que iniciou seu resgate do purgatório como atriz da Nickelodeon. Sentada no topo da escada, no palco, cercada por seus dançarinos, ela estava agradecendo a multidão pelos ingressos esgotados, que estava gritando mais do que ouvindo, o que só a fez chorar mais.

Srta. Grande estava, provavelmente, relaxando no fato de que algumas coisas tinham ido um pouco diferente, ela ainda pode estar presa dentro daquele velho personagem da Nickelodeon, longe de palcos como esse. Tão recentemente quanto há nove meses atrás, novos episódios de seu programa “Sam & Cat” foram ao ar, mas, mesmo assim, Srta. Grande foi decididamente pisando em toda aquela parte de sua vida.

E agora ela é uma princesa pop, sem restrições por imagens antigas e obrigações. Ela fez isso com uma combinação de voz excepcional, arranque excepcional e senso excepcional de que buraco no mercado que ela poderia explorar. A sua música, ouvida em dois álbuns impressionantes – “Yours Truly” de 2013, e “My Everything” do ano passado (ambas na Republic) – utiliza a estrutura sensual do R&B dos anos 90 e aplica um doce brilho discreto a ele.

Srta. Grande completou 21 anos no ano passado, mas graças à sua carreira anterior e seu som não muito picante, grande parte de sua base de fãs é jovem. Neste show, uma parte significativa da multidão era feito de mães acompanhando um grupo de meninas, ressaltando a tensão entre assunto maduro de Srta. Grande e os doces ouvidos absorvendo-o.

Então Srta. Grande brincou com sua timidez durante esta parada da Honeymoon Tour, e também com sua voz. Ela abriu com “Bang Bang”, disparando balas melisma de alta velocidade, que foram acompanhadas por fogos de artifício e lasers – como muitos grandes cantores, Srta. Grande gosta de lembrar que sua voz é uma arma. Isso é especialmente verdade em canções mais lentas, como “Love Me Harder” e “Tattooed Heart”, sobre o qual Srta. Grande mostrou sua destreza vocal completa.

Srta. Grande encontrou seu maior sucesso com hinos despreocupados que permitem que seus vocais vagueiem selvagemente, como a o hino pop-house “Break Free” e a atrevida, balançante “Problem”. Ela também fez inteligentes colaborações com rappers, que podem se safar dizendo coisas que ela não pode. Aqui, eles foram exibidos em uma tela de vídeo enorme atrás dela: Childish Gambino em “Break Your Heart Right Back”, Iggy Azalea em “Problem”, e Big Sean em duas canções, “Best Mistake” e “Right There” (Big Sean também é seu namorado –  notavelmente ela não performou “Almost Is Never Enough”, um dueto excelente com Nathan Sykes, um ex namorado). Um colaborador que não apareceu desta forma foi The Weeknd, cuja sua parte em “Love Me Harder” foi retirada, talvez por sua obscenidade evidente.

Srta. Grande não é estabelecida o bastante para ter uma setlist à prova de balas para um show desse tamanho – polvilhado entre os hits, foram incluindos insucessos como “Pink Champagne” e “All My Love”. Mas ela foi feita para tranquilizar com um sentido muito apurado de grandeza. Ela usa roupas cortadas agressivamente que cintilam e brilham, como se fosse uma versão fashion de competição de patinação artística. Em um ponto ela flutuou sobre a plateia em uma nuvem; em outro, ela montou em um lustre ornamentado para o palco. No meio do show, a tela mostrou algumas cenas em preto-e-branco de Srta. Grande se ajeitando no espelho, que lembrou o comercial do perfurme “Truth or Dare” da Madonna, e durante toda a noite, as orelhas de gato usadas por milhares de meninas na plateia  – $40 cada – acendiam com o ritmo da música.

Em meio a tudo isso, porém, Srta. Grande ainda está em uma missão para ser levada a sério como uma artista, e isso não é sem tropeços. Muitas vezes, em entrevistas, ela se compromete a sua devoção à excêntrica cantora britânica e experimentalista pop Imogen Heap.

Sr.ª. Heap ajudou a desenvolver um produto chamado “Luvas Mi.Mu”, que permite ao usuário manipular a voz com gesto na mão. Recentemente, ela presenteou um a Srta. Grande, que incluiu em seu show em “Why Try”, um desastre absoluto da noite, ocultando sua voz e perturbando seu desempenho. Depois do show, houve um post na conta oficial das luvas Mi.Mu no Twitter que parecia reconhecer, pelo menos algumas das dificuldades: “Desapontante, a luva esquerda de @ArianaGrande não funcionou bem hoje à noite e se manteve em harmonia menor! Nós vamos consertá-la amanhã, Ari! #novatecnologia”

Isso não causou lágrimas em Srta. Grande, embora elas tenham voltado algumas músicas depois, em “My Everything”. Sentada em cima de um piano branco, Srta. Grande parecia à vontade até que as palavras da canção começaram a escapar dela.

Estas lágrimas pareciam um pouco diferente do que as anteriores – talvez porque ela estava prejudicando a canção, e talvez, porque, pouco antes, a voz de seu avô estava saindo dos alto-falantes da arena, implorando-lhe: “Não deixe que eles te desafiem, não deixe eles te intimidar.” (ele faleceu no ano passado). Mas Srta. Grande não chegou até aqui para ser desfeita por algumas palavras escorregadias. Depois de seu pianista dar um incentivo gestual, ela enxugou as lágrimas, abriu a boca, e cantou em voz alta o suficiente para bloquear todas as memórias ruins.